BOIADEIROS
Os espíritos que se manifestam na Umbanda na Linha dos Boiadeiros são valorosos, sisudos, de poucas palavras, mas de muitas ações.
Apresentam-se como espíritos que encarnaram, em algum momento, como tocadores de boiada, vaqueiros etc.
Os seus pontos cantados sempre aludem a bois e boiadas, a campos e viagens, a ventanias e tempestades.
O laço e o chicote são seus instrumentos magísticos de trabalhos espirituais. Eventualmente usam colares de sementes ou de pedras.
É um Arquétipo forte, impositivo, vigoroso, valente e destemido. Representa a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, também chamado de caboclo sertanejo. Lembra os vaqueiros, boiadeiros, laçadores, peões e tocadores de viola; muitos deles mestiços, filhos de branco com índio, de índio com negro etc., trazendo à nossa lembrança a essência da miscigenação do povo brasileiro, com seus costumes, crendices, superstições e fé.
Na linguagem dos Boiadeiros, “boi” é o próprio ser humano
Quando um Boiadeiro da Umbanda gira no ar o seu laço, ele está criando magisticamente, dentro do espaço religioso do Terreiro, as ondas espiraladas do Tempo, que irão recolher os espíritos perdidos nas próprias memórias desequilibradas e/ou irão desfazer energias densas acumuladas no decorrer do tempo.
Cavalos filhos de fé
Boi espíritos acomodados
Boiada grande grupo de espíritos reunidos por eles e reconduzidos lentamente às suas sendas evolucionistas
Laçar recolher à força os espíritos rebelados
Boi atolado espírito que afundou nos lamaçais e regiões pantanosas
Boi açoitado pelos temporais egum caído nos domínios de Yansã e do Tempo, onde os “temporais são inclementes”
Açoite ou chicote= instrumento mágico de Yansã, feito de fios de crina ou de rabo de cavalo
Laço instrumento do Tempo
Bois afogados em rios espíritos caídos nas águas profundas das paixões humanas
Bois arrastados pelas correntezas espíritos arrastados pelas correntezas turbulentas da vida
Bois que se embrenharam nas matas e se perderam espíritos que entraram de forma errada nos domínios de Oxóssi
Bois atolados em lamaçais espíritos caídos nos domínios de Nanã Buruquê
Bois perdidos nos pantanais espíritos que abandonaram a segurança da razão e se entregaram às incertezas das emoções.
Nomes simbólicos: Boiadeiro da Serra da Estrela, Zé do Laço, Zé das Campinas, João Boiadeiro, Boiadeiro da Jurema, Boiadeiro do Lajedo, Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro do Ingá, Boiadeiro de Imbaúba, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro, Boiadeiro do Chapadão.
Dia da semana: A terça-feira algumas Casas lhes dedicam a quinta-feira
Campo de atuação: Recolhem os espíritos que se desviaram perante a Lei Divina e agem de forma desequilibrada em qualquer dos Sentidos da Vida; combatem os espíritos trevosos e as magias negativas; promovem uma limpeza profunda em nosso campo magnético, despertando em nossas vidas, de forma ordenada, movimento e direção.
Ponto de força: Os caminhos, as campinas, os espaços abertos e as pedreiras.
Saudação: Jetuá, Boiadeiro!!!!
Cor: Azul escuro e amarelo.
Elementos de trabalho: Berrante, couro, laço, cabaça, terra, pedras, semente olho de boi, anis estrelado, corda, chifres, chicotes, pembas.
Ervas: Folhas de bambu, arruda, eucalipto, peregum, quebra-demanda, espada de São Jorge, lança de Ogum, espada de Santa Bárbara, pinhão roxo, casca de alho, casca de cebola, canela, anis estrelado, cravo, folhas de limão e de laranjeira, folhas de café e de fumo (tabaco).
Fumo/defumação: Cigarro de palha, fumo de corda, charuto.
Incenso: Benjoim, anis estrelado, cravo, canela, arruda, eucalipto.
Pedras: Hematita, Granada, Turmalina Preta, Ônix Preto. Também e especialmente as Drusas de Cristal e as Drusas de Ametista. As drusas são agrupamentos de várias pontas em uma única base. Elas trabalham a união e o agrupamento de pessoas ou de objetivos e limpam o ambiente. (Fonte quanto às Drusas: “Os cristais e os Orixás”, Angélica Lisanty, Madras Editora, 2008, página 84.)
Frutos: Abacaxi, carambola, limão, laranja, uva, banana, açaí, frutas de casca amarela ou vermelha, as frutas ácidas em geral, abóbora, cará, mandioca.
Flores: Cravos vermelhos, rosas vermelhas e amarelas, flores vermelhas e amarelas em geral.
Bebidas: Suco de frutas ácidas; vinho tinto seco; vinho branco; aguardente com pedaços de canela; água de coco; cerveja clara; conhaque; café com canela; vinho tinto doce ligeiramente aferventado com folhas frescas de eucalipto; vinho tinto doce fervido com pedacinhos de gengibre.
Resina: Benjoim (serve apenas para defumações, e NÃO para banhos).
Oferenda: Frutas, ervas (inclusive dos Orixás Ogum, Oyá-Tempo e Yansã), bebidas, pedras, velas.